
CONTROLE DE PLANTAS INVASORAS EM PASTAGENS
Lucas Castro Silva
10/19/20255 min read
Estamos próximo do início do período chuvoso para várias regiões do país e muitos produtores já estão planejando qual estratégia será adotada para o combate das plantas invasoras em sua propriedade, bem como, os produtos que serão utilizados e a forma de aplicação dos defensivos, correto!? Bom, infelizmente, não é que acontece na maioria dos projetos pecuários, mas bem que poderia ser diferente.
As plantas invasoras ou ervas daninhas ou “juquira” são definidas como aquelas plantas indesejáveis em uma cultura específica, isto é, da mesma forma que o mata-pasto é uma planta indesejável na pastagem, a braquiária também é uma planta indesejável na lavoura de soja. É importante também ressaltar que, salvo exceções, a grande maioria das plantas que infestam pastagens são plantas nativas, ou seja, é o conjunto da vegetação que, ao longo da história, se adaptou a diferentes condições de solo, clima e disponibilidade de água encontrado nos diferentes biomas brasileiros e, por isso, existe o grande desafio de controlá-las, já que são extremamente adaptadas ao ambiente que estão inseridas.
Dentre as principais causas da infestação de plantas daninhas em pastagens, temos, o plantio de forrageiras não adaptadas às condições edafoclimáticas da região; o uso de sementes com baixo teor de pureza durante o estabelecimento do pasto trazendo para a propriedade sementes de plantas invasoras que as vezes nem existia lá; o plantio incorreto da pastagem com preparos de solo inadequados ou falhas na semeadura; o manejo incorreto durante o estabelecimento e condução do pastejo ocasionando super ou subpastejo; a queima frequente, pois o fogo favorece a quebra de dormência de sementes de algumas espécies; a falta de diversificação das pastagens na propriedade; o cultivo de forrageiras exigentes em solos de baixa fertilidade sem a devida nutrição, o que compromete a perenidade das plantas; e a falta de jejum em animais recém adquiridos.
Em consequência dessas infestações temos reduções na produção e na qualidade das pastagens devida competição imposta pelas invasoras pelos fatores luz, água, nutrientes, espaço e pela inibição química causada por substâncias alelopáticas.
Estudos avaliando a influência da infestação de plantas invasoras durante o estabelecimento de pastagens mostrou redução de 119% na produção forrageira aos 97 dias após a semeadura em área infestada quando comparada com área onde foi aplicado herbicida no momento correto. Em outro trabalho que avaliou o impacto de diferentes níveis de infestação em pastagens adubadas, mostrou reduções de 35%, 28% e 8% para alta, média e baixa infestação, respectivamente. A estrutura das plantas forrageiras também é comprometida. Em um experimento utilizando o capim-massai mostrou que a relação folha: colmo passou de 3 para 1,43 em áreas infestadas, uma redução de 52%. Essa diminuição quantitativa e qualitativa impacta diretamente na produtividade animal e no aumento das despesas inerentes ao combate de plantas invasoras.
Existem diferentes métodos de controle de plantas daninhas, dentre eles, temos o primeiro, que é o método preventivo. Este método consiste em estratégias de prevenção, como, a aquisição de sementes de forrageiras certificadas e com altas taxas de pureza, já que sementes com baixo teor de pureza apresentam materiais inertes como sujeiras e sementes de outras plantas; jejum de animais comprados, já que pode ocorrer desses animais trazerem no sistema digestivo sementes de invasoras; e a limpeza de máquinas e implementos, por exemplo, roçadeiras que fazem o serviço em área infestada e depois vão para outro pasto podendo transferir sementes de um local para o outro.
Outro método de controle seria o cultural. O método cultural consiste em adotar estratégias de manejo que minimizem os riscos de infestação, como, o plantio de forrageiras adaptadas às condições de solo e clima da região; o plantio correto da pastagem com preparo de solo adequado, correção e adubação de plantio, plantio no momento correto e cobrimento das sementes; manejo do pastejo correto durante a condução do projeto; diversificação de espécies forrageiras na propriedade; e a correção e adubação dos solos quando necessário.
A queimada também é uma estratégia considerada como método de controle. Entretanto, é recomendado evitá-la devida as questões ambientais, riscos do incêndio se espalhar para outros locais, além de ser um fator que estimula a germinação de sementes de muitas plantas invasoras, como por exemplo, a gramínea sporobolus indicus (conhecido como capim-capeta, capim-barba-de-paca ou capim-duro).
O método de controle mecânico deve ser um dos mais adotados até hoje em muitos projetos de pecuária no país. Ainda é comum encontrar propriedades que tem como rotina operacional o uso de roçadeiras mecânicas para controle de invasoras ao longo do ano. No entanto, muitas vezes, essa prática acaba sendo paliativa, pois não resolve o problema de fato. A roçada funciona mais como uma poda das plantas invasoras, já que a grande maioria rebrota após o corte. Essa roçada constante ainda favorece o desenvolvimento de mecanismos de adaptação das plantas, tornando-as mais tolerantes aos cortes e controles químicos.
Dentre os métodos mecânicos, temos também o arranquio das plantas que pode ser realizado com ferramentas, como, enxada ou enxadão. No entanto, tem o inconveniente de ser mais lento e mais oneroso em muitos casos.
O método de controle químico tem sido o mais eficaz para o combate de plantas daninhas, independente da região que estamos. Os primeiros produtos lançados no país foram o Graslan na década de 80 e o Tordon, na década de 90. De lá pra cá, diversos produtos com diferentes ingredientes ativos foram lançados no mercado. Junto com esses produtos, também foram lançados implementos para facilitar a aplicação em pastagens, como o jatão, lançado em 1980 e em seguida o CondorPec, que sofreu modificações em 2000. Atualmente, já é comum em várias regiões do país empresas especializadas em aplicação aérea.
O método químico conta com diferentes modalidades de aplicação, sendo, aplicação foliar em área total ou localizado, aplicação no caule e aplicação no toco. Com exceção do Metsulfuron-metil - que é um inibidor de ALS interferindo na síntese de aminoácidos -, todos os outros princípios ativos registrados atualmente são mimetizadores de auxinas, isto é, atuam nos pontos de crescimento das plantas causando a multiplicação exacerbada de células que interrompem o fluxo de seiva.
Várias pesquisas já foram conduzidas mostrando a eficácia da estratégia de uso de herbicidas quando comparada com as outras opções de combate de plantas daninhas. E o produtor tem entendido isso. Para se ter uma ideia, o uso de herbicidas saltou de 375 mil hectares na década de 70, para mais de 10 milhões de hectares nos últimos anos.
Mas cabe ressaltar, que a estratégia adotada para o controle de plantas invasoras na propriedade deve ser planejada de acordo com a capacidade operacional ou de contratação de serviço de cada projeto e pela situação de infestação de plantas daninhas de cada local da fazenda, bem como, o tipo de plantas que estão infestando, o nível de infestação e o estágio de desenvolvimento dessas plantas.
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